quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Silêncio

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,

E que nele posso navegar sem rumo,

Não respondas

Às urgentes perguntas
Que te fiz.

Deixa-me ser feliz
Assim,

Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.

Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.

Mas o tempo passou,
Há calmaria...

Não perturbes a paz que me foi dada.

Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga

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