Há um momento sem sol em que a gente percebe que o amor anoiteceu.
O coração enxovalhado, ferido, está exaurido pela aflição de tanto esticar-se para tentar alcançar o fio da linha que se soltou e amarrá-lo de novo na pontinha dos sonhos.
No fundo, ele sabe que não o alcançará: voa longe demais da possibilidade de alcance.
Se ainda insiste, buscando impulso para pulos cansados, é porque aquele amor, exatamente aquele, ainda é tudo o que ele mais deseja. Porque não sabe onde colocará as mãos, o encanto, o olhar, depois daquele instante.
Porque não lhe importa que outro amor venha ao seu encontro.
É aquele, aquele lá, que ainda o descompassa.Coragem, às vezes, é desapego.
É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É permitir que voe sem que nos leve junto.
É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho.
É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais.
Ana Jácomo
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