domingo, 9 de outubro de 2011

Coragem, às vezes, é desapego

Há um momento sem sol em que a gente percebe que o amor anoiteceu. 

O coração enxovalhado, ferido, está exaurido pela aflição de tanto esticar-se para tentar alcançar o fio da linha que se soltou e amarrá-lo de novo na pontinha dos sonhos. 

No fundo, ele sabe que não o alcançará: voa longe demais da possibilidade de alcance. 

Se ainda insiste, buscando impulso para pulos cansados, é porque aquele amor, exatamente aquele, ainda é tudo o que ele mais deseja. Porque não sabe onde colocará as mãos, o encanto, o olhar, depois daquele instante. 

Porque não lhe importa que outro amor venha ao seu encontro. 


É aquele, aquele lá, que ainda o descompassa.Coragem, às vezes, é desapego. 

É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É permitir que voe sem que nos leve junto. 

É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho. 

É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais. 

Ana Jácomo

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