sábado, 30 de outubro de 2010

A complicada arte de ver


"...Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo...".

Rubem Alves

1 Comentários:

Às 1 de novembro de 2010 às 12:04 , Anonymous SARASWATTI disse...

Existe a miragem e existe a alucinação. Para mim, a primeira é boa, embora possa ser frustrante. A segunda me parece sem dúvida ruim.
Existem vários tipos de olhares. Até uma mesma pessoa pode enxergar de várias maneiras diferentes dependendo de seu humor no momento. Do que ela está passando; de seu estado de espírito, etc...É tudo uma questão de momento mesmo. E, quando não, de doença... Quando a questão é doença mental ou psicológica, é bom salientar que o limiar entre a loucura e o real é bem tênue.
Adoro o filme Matrix e às vezes me pergunto se não vivemos em uma!
Que nossos sonhos sejam doces, cor de rosa e reais ou realizáveis!
Beijos da Ben.

 

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